Antes de definir o que é escoliose, vamos falar um pouco sobre nossa coluna vertebral. A coluna é o eixo central do esqueleto humano. Trabalhando em conjunto com músculos, ligamentos e nervos, ela é responsável por nos manter em postura ereta, movimentar nosso tronco e membros, proteger a medula espinhal dentre outras funções.
Em todo processo de crescimento e desenvolvimento motor, a coluna se adapta as cargas e posições, formando curvas ditas fisiológicas (normais), com o objetivo de manter nosso equilíbrio e distribuir a descarga de peso que a gravidade exerce sobre nosso corpo.
Em uma vista pela lateral (eixo sagital) temos então estas curvas fisiológicas: a lordose cervical (região do pescoço), cifose torácica (região do tórax) e lordose lombar (região da barriga e cintura).
Quando há curvaturas “não naturais” no plano frontal (coluna vista de frente), ou seja, curvas laterais na espinha, dando a ela um aspecto de letra “C” ou “S”, denominamos estes desvios de escoliose.
Esta é uma visão simplificada da patologia, que estruturalmente, compreende em alterações nas três dimensões e planos de movimento das vértebras e tronco. Estas alterações modificam os aspectos funcionais da coluna (que estão relacionados às alterações posturais) e os aspectos estruturais (adaptações mecânicas de discos intervertebrais, vértebras e costelas).
Em dados divulgados pela OMS (Organização Mundial da Saúde), a escoliose é uma patologia que acomete cerca de 2% da população mundial. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), no ano de 2017 a população global era de aproximadamente 7,6 bilhões de habitantes, ou seja, estima-se que 380 milhões de pessoas no mundo têm escoliose.
Por ser uma doença que não causa morte, não contagiosa, e na maioria das vezes não provoca dor e limitações nas atividades de vida diária, é negligenciada pelo Governo, Saúde Pública e população, dando margem à incompreensões e dúvidas em relação a patologia.
Por definição feita em 2011 pela Sociedade de Tratamento Ortopédico e de Reabilitação da Escoliose (SOSORT), a escoliose é uma “deformidade tridimensional em torção da coluna vertebral e tronco”.
A mesma sociedade atualizou em 2018 a definição da escoliose para “Escoliose é um termo geral que compreende um grupo heterogêneo de condições que consistem em mudanças na forma e na posição da coluna, do tórax e do tronco”.
Podemos classificá-la em:
1. Escoliose Funcional (atitude escoliótica): a estrutura óssea das vértebras se mantém preservadas e a atitude escoliótica se dá devido a um problema secundário, como por exemplo, uma diferença de membros inferiores ou uma postura antálgica da coluna.
2. Escoliose Estrutural: há uma deformidade óssea instalada devido a
a. Causas conhecidas (20% dos casos): como alterações congênitas, neurológicas ou de tecidos conectivos.
b. Causa idiopática (80% dos casos): ou seja, sua origem ainda é desconhecida.
Para avaliar e conduzir da melhor forma este paciente, o trabalho em equipe envolvendo um fisioterapeuta qualificado e capacitado no tratamento específico da escoliose, quanto médico ortopedista e ortesista se faz necessário.
Uma vez detectada a origem da Escoliose Funcional, as curvas funcionais são flexíveis e podem ser corrigidas com tratamento conservador adequado.
Já para as escolioses Estruturais, o tratamento conservador não terá como objetivo a correção total da curva, e sim, estabilizá-la a fim de evitar a sua progressão.
Falando sobre o tratamento, especificamente nos casos da escoliose idiopática (80% dos casos das escolioses estruturais), nos últimos anos, com a prática clínica e o respaldo científico, os “Exercícios Fisioterapêuticos Específicos para Escoliose” (como o método alemão Schroth) mostram-se eficientes no tratamento conservador das escolioses idiopáticas, melhorando a estética do paciente e a qualidade de vida em uma abordagem biopsicossocial.
Além destes exercícios, o uso de colete muitas vezes se faz necessário e somente em casos muito específicos, o tratamento cirúrgico é recomendado.
A escoliose idiopática se manifesta e pode ser detectada mais comumente na infância e adolescência e têm maior prevalência no sexo feminino.
Quanto mais precocemente diagnosticada, maiores as chances de uma boa evolução no tratamento e possibilidades de se evitar as complicações da doença.
Uma família bem informada e o comprometimento do paciente, serão sempre peças fundamentais para o sucesso.
Vejam maiores informações nos próximos artigos escritos por nossos fisioterapeutas especializados no tratamento conservador da escoliose.
Conteúdo Autoral desenvolvido pela Dra.Aline Granato Barbosa
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